Lá vem Marte de novo!
(Atualizado para as próximas oposições)
Por
Cyro de Freitas
De Belo Horizonte-MG
Para
Via Fanzine
Oposição planetária
Detalhes
marcianos registrados pelo Telescópio Espacial Hubble.
(NASA -
agosto/2003).
Marte
se aproxima neste Natal. Mas o
que ocorreria na Terra se Marte realmente surgisse no céu,
do mesmo
tamanho da Lua, como afirma notícia mentirosa veiculada pela internet?
Como vem acontecendo desde 2003 e sempre a
partir do mês de agosto, nossos computadores são invadidos por dezenas de
e-mails alertando sobre nova aproximação de Marte da Terra. As notícias são
sempre fantasiosas e exageradas. Desde a previsão de grandes catástrofes por
aqui, até a possibilidade de ver o planeta vermelho do tamanho da Lua cheia,
tudo é noticiado.
Realmente, em 2003, Marte se aproximou da Terra
de maneira inusitada. A distância média entre os dois planetas gira
normalmente em torno de 228 milhões de quilômetros. Nas oposições mais
favoráveis, como a ocorrida em 2003, essa distância foi reduzida a incríveis
55,76 milhões de quilômetros, dando a todos nós uma chance talvez única de
observar o planeta vizinho em detalhes impressionantes.
Mas para aparentar o tamanho de uma lua cheia
Marte teria que se aproximar da Terra a uma distância em torno de 800 mil km
(o dobro da distância Terra-Lua) o que causaria problemas sérios em nosso
planeta, principalmente com relação às marés. Em razão da soma das duas
influentes forças gravitacionais sobre a Terra, as regiões litorâneas de
todo o planeta seriam invadidas e destruídas pelas águas que se elevariam
diversos metros - por causa da forte atração gravitacional externa.
Caso acontecesse tal aproximação, seria uma
ótima oportunidade para o homem realizar seu sonho de descer na superfície
marciana, pois, a viagem duraria apenas seis dias.
Mas a realidade dos fatos pode ser mensurada
pela montagem da figura abaixo.
Diagrama
original de Sky & Telescope: Rick Fienberg.
Ao
contrário do que dizem os e-mails, mesmo em uma
oposição excepcional, Marte não seria mais que
um ponto de luz perto do brilho intenso e da dimensão da Lua. Essas
oposições ocorrem de 26 em 26 meses e não acontecem somente no mês de agosto
como vem sendo noticiado a cada ano.
Nesse período de 26 meses Marte e Terra
descrevem suas órbitas em torno do Sol. Se as órbitas fossem circulares
esses encontros (em grosso modo) aconteceriam sempre à mesma distância. No
entanto, como as órbitas são elípticas, as oposições mais favoráveis ocorrem
quando a Terra está no ponto mais afastado do Sol (afélio) e Marte no
ponto mais próximo do Sol (periélio). São chamadas de oposições periélicas.
Esquema de
uma oposição periélica, quando as distâncias Terra-Marte são as menores.
No dia 24 de dezembro de 2007, novamente a
situação se repetirá quando da oposição Sol-Terra-Marte. A aproximação
Terra-Marte não será tão acentuada como em 2003, devendo chegar os dois
planetas, dessa vez, a uma distância mínima de 88 milhões de quilômetros. O
planeta será visto com o tamanho aproximado de Júpiter e estará surgindo com
seu brilho avermelhado característico no horizonte leste, logo após o
anoitecer.
Mas a observação detalhada do planeta vermelho
sem o uso de equipamentos especiais é impossível. Devido a sua pequena
dimensão, praticamente a metade do da Terra, somente com telescópios
equipados com objetivas acima de 80mm poderemos vislumbrar alguns detalhes
de sua superfície.
Mas, não desanimem. Marte está visível todas as
noites a olho nu, em direção a leste e na forma de uma estrela avermelhada
de brilho forte. Com um simples binóculo 10x50 e uma noite limpa poderemos
ver, pelo menos, o disco vermelho de Marte, o que já é bem reconfortante em
razão do seu tamanho reduzido e da distância mínima que ele se encontrará no
dia 24 de dezembro de 2007. Para os entusiasmados pela astronomia, como eu,
será um belo presente de natal.
Adendo – em
22.11.2013
O artigo acima foi escrito em 2007, em razão da oposição
Terra/Marte ocorrida em 24.12.2007 e a boataria de todo mês de Agosto.
A próxima oposição ocorrerá, em seu momento máximo, no dia
08.04.2014. A distância mínima prevista entre os dois astros será de 93,15
milhões de km. Tal distância não permitirá grandes observações do planeta
vermelho
Somente em 27.07.2018
Marte estará tão perto da Terra como em 2003. Serão meros 57,59 milhões de km,
aproximação esta que nos dará uma grande oportunidade para excelentes observações.
Quem viver
verá outra grande aproximação entre os planetas no dia 15.08.2050. Serão apenas
55,96 milhões de km, distância praticamente igual à de 2003.
Em
30.08.2082 a distância prevista será de 55,88 milhões de km, excelente oposição
para grandes observações.
Se a Terra
conseguir atravessar o espaço sem maiores perturbações e o homem deixar isto
ocorrer, o que é pouco provável, no ano 25.000 a população terrestre poderá
vislumbrar o planeta Marte a apenas 54,05 milhões de km. Será a menor distância
entre os dois astros no último milhão de anos.
Esta grande
variação na distância entre Terra/Marte deve ser creditada ao fato de que as
órbitas dos dois planetas não seguirem um mesmo plano e, principalmente, às
perturbações orbitais causadas por ações gravitacionais de Júpiter, Saturno e
Vênus.
*
Cyro de Freitas
(BH) é administrador e pesquisador em astronomia. cyro.freitas@bol.com.br
- Fotos:
Hubble (NASA) / Arquivo do autor.
- Produção:
Pepe
Chaves.
***
Plutão, o planeta anão
Com um diâmetro de
2.274 quilômetros, Plutão é bem menor do que nossa Lua. Gira em torno de seu
próprio eixo
(rotação) em 6,4 dias terrestres, com um período de translação em volta do
Sol de 248,5 anos.
Por Cyro de Freitas*
De Belo Horizonte-MG
Para
ASTROvia
23/11/2013
O fato de um astro tão pequeno ter à sua
volta tantos satélites
desperta em muito a atenção dos cientistas.
Corpo desconcertante
Plutão foi descoberto pelo astrônomo americano Clyde W.
Tombaugh, em 18 de fevereiro de 1930. Interessante esclarecer que o planeta
foi descoberto, inicialmente, através de cálculos matemáticos, em razão de
pequenas perturbações nas órbitas de Urano e Netuno. Em 1930 foi conseguida
a primeira imagem visual, obtida por Clyde.
Desde então, Plutão foi classificado como o 9º planeta do
sistema solar. Plutão orbita nosso Sol a uma distância aproximada de seis
bilhões de quilômetros, o que torna esse planeta extremamente gelado, com
temperaturas de -200 graus centígrados.
Sua órbita é bastante estranha, fazendo-o cruzar a órbita
do planeta Netuno e ficar mais próximo da Terra que este. Isto acontece
durante 20 anos de sua viagem de 248 anos para cumprir uma volta torno do
Sol.
Com um diâmetro de 2.274 quilômetros, Plutão é bem menor do
que nossa Lua. Gira em torno de seu próprio eixo (rotação) em 6,4 dias
terrestres, com um período de translação em volta do Sol de 248,5 anos.
Considerado planeta anão, Plutão é composto de Nitrogênio (98%) com
traços de Metano, Enxofre e Monóxido de Carbono.
Plutão, Caronte e os
dois novos satélites descobertos em 2005.
Satélites plutônicos
Plutão possui cinco satélites conhecidos. O primeiro a ser
descoberto foi Caronte, em 1978, por James W. Christy. Em comparação com o
planeta, Caronte é muito grande, com aproximadamente 1.210 quilômetros de
diâmetro e gira em torno de Plutão a uma distância média de 17.600
quilômetros.
Em 2005, conforme foto acima, o Telescópio Espacial Hubble
descobriu outros dois diminutos satélites que levaram os nomes de Nix e
Hidra. Estes são bastante pequenos, com tamanhos que variam entre 40 e 160
quilômetros de diâmetro.
Em 2011, o Hubble conseguiu visualizar uma quarta lua
plutônica que, provisoriamente, passou a ser conhecida como P4. Finalmente,
em 2013, uma quinta lua foi visualizada pelo telescópio Hubble, após exames
acurados em uma série de fotografias enviadas. Trata-se de um pequeno corpo
de 10 a 25 quilômetros de comprimento visto na foto abaixo.
O fato de um astro tão pequeno ter à sua volta tantos
satélites desperta em muito a atenção dos cientistas. Aventa-se que tantos
satélites possam ser derivados de uma colisão, ocorrida a bilhões de anos,
de Plutão com outro objeto gelado como ele.
Foto do Telescópio
Espacial Hubble mostra o sistema de Plutão com seus cinco satélites
conhecidos até agora. A
mais nova descoberta, P5, está assinalada pelo círculo.
Rebaixado a planeta
anão
Até 2006, Plutão era contado como um planeta principal; mas
a descoberta de vários corpos celestes de tamanho comparável e até mesmo, de
um outro objeto maior, fez com que a UAI (União Astronômica Internacional),
durante uma conferência, decidisse classificá-lo como um planeta anão.
Plutão é visto agora como o primeiro de uma categoria de
objetos trans-netunianos, cuja denominação, “plutóide”, foi aprovada pela
UAI em 11 de junho de 2008.
Em setembro de 2006, a UAI atribuiu a Plutão o número
1340340 no catálogo de planetas menores, de modo a refletir a sua nova
condição de planeta-anão.
Mais informações sobre o sistema Plutão-Caronte serão
fornecidas assim que a nave espacial americana New Horizons, lançada em
janeiro de 2006, lá chegar em 2015. São esperadas as mais detalhadas imagens
jamais vistas de Plutão e muitas outras questões, certamente, serão
respondidas..
* Cyro
de Freitas é administrador e pesquisador em Astronomia e Astronáutica. É
colaborador de Via Fanzine. Seu e-mail é
cyro.freitas@bol.com.br.
- Fotos:
Telescópio Espacial Hubble / Divulgação.
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