segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


  
Lá vem Marte de novo!




(Atualizado para as próximas oposições)
                            
                                                                 
Por Cyro de Freitas
De Belo Horizonte-MG
Para Via Fanzine

                          

Oposição planetária




Detalhes marcianos registrados pelo Telescópio Espacial Hubble.
(NASA - agosto/2003).


Marte se aproxima neste Natal. Mas o que ocorreria na Terra se Marte realmente surgisse no céu,
do mesmo tamanho da Lua, como afirma notícia mentirosa veiculada pela internet?


Como vem acontecendo desde 2003 e sempre a partir do mês de agosto, nossos computadores são invadidos por dezenas de e-mails alertando sobre nova aproximação de Marte da Terra. As notícias são sempre fantasiosas e exageradas. Desde a previsão de grandes catástrofes por aqui, até a possibilidade de ver o planeta vermelho do tamanho da Lua cheia, tudo é noticiado.
Realmente, em 2003, Marte se aproximou da Terra de maneira inusitada. A distância média entre os dois planetas gira normalmente em torno de 228 milhões de quilômetros. Nas oposições mais favoráveis, como a ocorrida em 2003, essa distância foi reduzida a incríveis 55,76 milhões de quilômetros, dando a todos nós uma chance talvez única de observar o planeta vizinho em detalhes impressionantes.
  
Mas para aparentar o tamanho de uma lua cheia Marte teria que se aproximar da Terra a uma distância em torno de 800 mil km (o dobro da distância Terra-Lua) o que causaria problemas sérios em nosso planeta, principalmente com relação às marés.  Em razão da soma das duas influentes forças gravitacionais sobre a Terra, as regiões litorâneas de todo o planeta seriam invadidas e destruídas pelas águas que se elevariam diversos metros - por causa da forte atração gravitacional externa.
Caso acontecesse tal aproximação, seria uma ótima oportunidade para o homem realizar seu sonho de descer na superfície marciana, pois, a viagem duraria apenas seis dias.

Mas a realidade dos fatos pode ser mensurada pela montagem da figura abaixo. 
Diagrama original de Sky & Telescope: Rick Fienberg.
Ao contrário do que dizem os e-mails, mesmo em uma oposição excepcional, Marte não seria mais que um ponto de luz perto do brilho intenso e da dimensão da Lua. Essas oposições ocorrem de 26 em 26 meses e não acontecem somente no mês de agosto como vem sendo noticiado a cada ano.
Nesse período de 26 meses Marte e Terra descrevem suas órbitas em torno do Sol. Se as órbitas fossem circulares esses encontros (em grosso modo) aconteceriam sempre à mesma distância. No entanto, como as órbitas são elípticas, as oposições mais favoráveis ocorrem quando a Terra está no ponto mais afastado do Sol (afélio) e Marte no ponto mais próximo do Sol (periélio). São chamadas de oposições periélicas.
 
Esquema de uma oposição periélica, quando as distâncias Terra-Marte são as menores.
No dia 24 de dezembro de 2007, novamente a situação se repetirá quando da oposição Sol-Terra-Marte. A aproximação Terra-Marte não será tão acentuada como em 2003, devendo chegar os dois planetas, dessa vez, a uma distância mínima de 88 milhões de quilômetros. O planeta será visto com o tamanho aproximado de Júpiter e estará surgindo com seu brilho avermelhado característico no horizonte leste, logo após o anoitecer.
Mas a observação detalhada do planeta vermelho sem o uso de equipamentos especiais é impossível. Devido a sua pequena dimensão, praticamente a metade do da Terra, somente com telescópios equipados com objetivas acima de 80mm poderemos vislumbrar alguns detalhes de sua superfície.
Mas, não desanimem. Marte está visível todas as noites a olho nu, em direção a leste e na forma de uma estrela avermelhada de brilho forte. Com um simples binóculo 10x50 e uma noite limpa poderemos ver, pelo menos, o disco vermelho de Marte, o que já é bem reconfortante em razão do seu tamanho reduzido e da distância mínima que ele se encontrará no dia 24 de dezembro de 2007. Para os entusiasmados pela astronomia, como eu, será um belo presente de natal.


Adendo – em 22.11.2013



O artigo acima foi escrito em 2007, em razão da oposição Terra/Marte ocorrida em 24.12.2007 e a boataria de todo mês de Agosto.

A próxima oposição ocorrerá, em seu momento máximo, no dia 08.04.2014. A distância mínima prevista entre os dois astros será de 93,15 milhões de km. Tal distância não permitirá grandes observações do planeta vermelho

Somente em 27.07.2018 Marte estará tão perto da Terra como em 2003. Serão meros 57,59 milhões de km, aproximação esta que nos dará uma grande oportunidade para  excelentes observações.

Quem viver verá outra grande aproximação entre os planetas no dia 15.08.2050. Serão apenas 55,96 milhões de km, distância praticamente igual à de 2003.

Em 30.08.2082 a distância prevista será de 55,88 milhões de km, excelente oposição para grandes observações.

Se a Terra conseguir atravessar o espaço sem maiores perturbações e o homem deixar isto ocorrer, o que é pouco provável, no ano 25.000 a população terrestre poderá vislumbrar o planeta Marte a apenas 54,05 milhões de km. Será a menor distância entre os dois astros no último milhão de anos.

Esta grande variação na distância entre Terra/Marte deve ser creditada ao fato de que as órbitas dos dois planetas não seguirem um mesmo plano e, principalmente, às perturbações orbitais causadas por ações gravitacionais de Júpiter, Saturno e Vênus.
 

* Cyro de Freitas (BH) é administrador e pesquisador em astronomia. cyro.freitas@bol.com.br

- Fotos: Hubble (NASA) / Arquivo do autor.

- Produção: Pepe Chaves.
  © Copyright 2004-2008, Pepe Arte Viva Ltda. 




                                                                          

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Plutão, o planeta anão

Com um diâmetro de 2.274 quilômetros, Plutão é bem menor do que nossa Lua. Gira em torno de seu
 próprio eixo (rotação) em 6,4 dias terrestres, com um período de translação em volta do Sol de 248,5 anos.
Por Cyro de Freitas*
De Belo Horizonte-MG
Para ASTROvia
23/11/2013
O fato de um astro tão pequeno ter à sua volta tantos satélites
desperta em muito a atenção dos cientistas.

Corpo desconcertante
Plutão foi descoberto pelo astrônomo americano Clyde W. Tombaugh, em 18 de fevereiro de 1930. Interessante esclarecer que o planeta foi descoberto, inicialmente, através de cálculos matemáticos, em razão de pequenas perturbações nas órbitas de Urano e Netuno. Em 1930 foi conseguida a primeira imagem visual, obtida por Clyde.
Desde então, Plutão foi classificado como o 9º planeta do sistema solar. Plutão orbita nosso Sol a uma distância aproximada de seis bilhões de quilômetros, o que torna esse planeta extremamente gelado, com temperaturas de -200 graus centígrados.
Sua órbita é bastante estranha, fazendo-o cruzar a órbita do planeta Netuno e ficar mais próximo da Terra que este. Isto acontece durante 20 anos de sua viagem de 248 anos para cumprir uma volta torno do Sol.
Com um diâmetro de 2.274 quilômetros, Plutão é bem menor do que nossa Lua. Gira em torno de seu próprio eixo (rotação) em 6,4 dias terrestres, com um período de translação em volta do Sol de 248,5 anos.
Considerado planeta anão, Plutão é composto de Nitrogênio (98%) com traços de Metano, Enxofre e Monóxido de Carbono.

Plutão, Caronte e os dois novos satélites descobertos em 2005.
Satélites plutônicos
Plutão possui cinco satélites conhecidos. O primeiro a ser descoberto foi Caronte, em 1978, por James W. Christy. Em comparação com o planeta, Caronte é muito grande, com aproximadamente 1.210 quilômetros de diâmetro e gira em torno de Plutão a uma distância média de 17.600 quilômetros.
Em 2005, conforme foto acima, o Telescópio Espacial Hubble descobriu outros dois diminutos satélites que levaram os nomes de Nix e Hidra. Estes são bastante pequenos, com tamanhos que variam entre 40 e 160 quilômetros de diâmetro.
Em 2011, o Hubble conseguiu visualizar uma quarta lua plutônica que, provisoriamente, passou a ser conhecida como P4. Finalmente, em 2013, uma quinta lua foi visualizada pelo telescópio Hubble, após exames acurados em uma série de fotografias enviadas. Trata-se de um pequeno corpo de 10 a 25 quilômetros de comprimento visto na foto abaixo.

O fato de um astro tão pequeno ter à sua volta tantos satélites desperta em muito a atenção dos cientistas. Aventa-se que tantos satélites possam ser derivados de uma colisão, ocorrida a bilhões de anos, de Plutão com outro objeto gelado como ele.
  
Foto do Telescópio Espacial Hubble  mostra o sistema de Plutão com seus cinco satélites
conhecidos até agora. A mais nova descoberta, P5, está assinalada pelo círculo.
Rebaixado a planeta anão
Até 2006, Plutão era contado como um planeta principal; mas a descoberta de vários corpos celestes de tamanho comparável e até mesmo, de um outro objeto maior, fez com que a UAI (União Astronômica Internacional), durante uma conferência,  decidisse classificá-lo como um planeta anão.
                                 
Plutão é visto agora como o primeiro de uma categoria de objetos trans-netunianos, cuja denominação, “plutóide”, foi aprovada pela UAI em 11 de junho de 2008.
Em setembro de 2006, a UAI atribuiu a Plutão o número 1340340 no catálogo de planetas menores, de modo a refletir a sua nova condição de planeta-anão.
Mais informações sobre o sistema Plutão-Caronte serão fornecidas assim que a nave espacial americana New Horizons, lançada em janeiro de 2006, lá chegar em 2015. São esperadas as mais detalhadas imagens jamais vistas de Plutão e muitas outras questões, certamente, serão respondidas..
* Cyro de Freitas é administrador e pesquisador em Astronomia e Astronáutica. É colaborador de Via Fanzine. Seu e-mail é cyro.freitas@bol.com.br.
- Fotos: Telescópio Espacial Hubble / Divulgação.


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